One day we'll be together (we'll never be apart)

sábado, 31 de julho de 2010

Resolvi agora escrever sobre uma coisa que antigamente me incomodava muito... Uma mistura de sentimentos pra lá de esquisita.
Certa vez resolvi reparar em um edifício bem alto que sempre esteve ali quando eu passava mas que nunca antes eu havia prestado atenção. Me encantei e não era pra menos... o edifício não era lindo e maravilhoso mas tinha o seu charme, era uma graça!
Eu, como sempre, muito impulsiva, apostei todas as minhas fichas no edifício alto, mas todas mesmo, sem exceções.
Logo de cara precisei entrar em um elevador que não me parecia nada confiável, era diferente de qualquer coisa que já tinha visto e quando entrei e dei o primeiro impulso rumo ao último andar, senti sensações que eu nunca havia sentido.
O caminho até o topo não era curto, eu ainda teria que esperar aquele elevador que, convenhamos, não era o mais rápido do mundo, subir uns bons andares. E esperar nunca foi uma coisa que eu gostei de fazer.
Justamente por não gostar e não saber se o elevador era realmente seguro, por muitas vezes repensei a minha escolha e me perguntei se não era mais simples, fácil e seguro se eu apertasse o botão "emergência" e descesse ali mesmo.
Pensei, pensei de novo e pensei mais um pouco, por várias vezes, mas no fim eu continuava ali, no elevador, sempre subindo a ganhando confiança. O topo nunca chegava mas eu tinha esperanças demais pra desistir ali.
Com o tempo aquela rotina de sempre subir, passar os dias inteiros dentro daquela cabine apertada, começou a me incomodar. Eu não tinha o MEU espaço, eu tinha o espaço que o elevador me proporcionava. Eu não podia sair a hora que EU quisesse (a não ser que eu apertasse o botãozinho vermelho, mas era arriscado demais perder tudo), eu só poderia descer quando ELE resolvesse abrir a porta. Eu dependia do elevador e o elevador não dependia de mim. Ele poderia parar ali e me deixar presa até quando bem entendesse, e eu? eu não podia parar o elevador e pedir pra descer. Não havia essa opção... ou eu subia até em cima, ou eu parava, descia do elevador e ficava pra sempre preso em algum andar do prédio, com as coisas todas pela metade, nada bem resolvido. Sim, era um elevador meio muito esquisito, mas quem disse que eu me importava? Por vezes a sensação se subir, subir e subir para chegar lá em cima era TÃO boa... a expectativa de encontrar algo completamente novo era TÃO encorajadora... Tinha medo de abrir mão de tudo aquilo.
Esgotei. Estava com a mão sobre o botão de emergência quando de repente a porta abriu e um outro indivíduo, muito simpático por sinal, entrou e resolveu mudar aquela minha rotina. Parecia até que o elevador sabia que aquilo não seria bom para a nossa relação (relação entre eu e o elevador)... ele balançava sem parar... as vezes se acalmava, e tinha vezes que eu até precisava parar as conversar com o rapaz que dividia a cabine comigo porque corríamos o risco do elevador despencar e todos morrermos ali.
Resolvi não dar mais bola pro elevador. Quase esqueci que eu estava lá dentro! Aproveitei muito os dias e as noites... O moço que agora morava comigo parecia não se importar com as minhas limitações em relação ao espaço, ele sempre foi muito compreensivo.
O elevador não aguentou. Parou em um andar e praticamente disse: ou ele, ou eu.
Pensei muito, mais uma vez. Tive de decidir: ou eu mandava meu amigo embora e continuava subindo naquele elevador mais instável que sei-lá-o-que, ou eu descia ali mesmo e contiuava a vida sem nunca saber como era lá em cima.
Resolvi descer... Não tive paciência para pensar tanto quanto eu gostaria, mas eu já tinha decidido e quando eu decido uma coisa, saiam de perto todos aqueles que pensam em me contrariar.
Desci... Uma coisa me chamava muito a atenção: o elevador continuava parado ali, me esperando... como se ele soubesse o que ia acontecer, como se ele dissesse: estou aqui porque tu ainda vai voltar.
Dito e feito.
Senti saudades da rotina apertada... Era bom viver fora do cubículo, mas o cubículo tinha se tornado a minha vida naqueles meses todos de subida e eu não conseguia mais seguir sem ele.
Apertei o botão para a portar abrir, me despedi do meu amigo da forma mais fria e cruel que eu podia (sei lá eu porque) e olhei pra dentro do velho e reconfortante elevador! Ele estava lindo, mais do que nunca, parecia novo! Os arranhões tinha sido consertados, a sujeira toda havia sido limpa, o espelho brilhava mais que diamante. Eu me senti em casa de novo.
Aí foi o caos. Me vidrei no elevador, estava encantada como da primeira vez. Larguei os estudos, não pensava em mais nada, só em gastar meus dias inteiros admirando, conversando, aproveitando o elevador.
Um dia, quando eu já não tinha mais noção de tempo, hora e espaço, fui pega de surpresa: Parou. O elevador parou. Ninguém embarcou, o botão vermelho não tinha sido apertado: EU TINHA CHEGADO.
Cheguei no topo, cheguei no ponto mais alto e para mais uma surpresa: eu era a primeira visitante do ponto alto do elevador.
Ai, a vista era LINDA, ela deslumbrante, era de se apaixonar mais ainda.
E foi aí que eu percebi que eu nunca mais queria descer. Era perfeito. Não era romântico demais e nem estúpido demais. Não era nem muito quente e nem muito frio. Não tinha muito espaço mas também não era pouco como antes.
Lá de cima eu via todos os meus amigos antigos bem pequenininhos lá embaixo, abanando pra mim como se dissessem: Ei!!! Eu ainda existo!
Eu até acenava de volta mas isso não me fazia diferença. Minha vida era tão perfeita na cobertura que eu sentia como se não precisasse de mais nada.
Fui chegando mais na beira, cada vez mais na beira e descobrindo coisas novas, coisas que me encantavam mais ainda, coisas que eu jamais pensei ver e senti. E era MUITO bom.
Passei uns quatro ou cinco meses no paraíso... Até que um dia eu vi que aquilo era bom demais, sim, não tinha deixado de ser perfeito, mas enquanto eu estava lá na cobertura as pessoas contiuavam lá embaixo, ninguém ousava me acordar daquele sonho, me viam feliz e pensavam que eu era completamente realizada... E eu também pensava assim.
Comecei a sentir falta de ambientes diferentes, pessoas diferentes, opiniões diferentes, conversas, assuntos e até mesmo discussões diferentes que a cobertura já não podia mais me proporcionar. Não que ela não tentasse, pelo contrário, se mostrava cada vez mais perfeita, mas a perfeição já não fazia mais sentido, eu precisava, eu necessitava de pessoas novas e de pessoas antiga também do meu lado. Eu já não era a mesma.
Eu amadureci nesses meses todos de "viagem", eu errei, consertei os erros, aprendi, mudei, me transformei em outra Júlia. Mais corajosa, menos boba.
Foi então que eu resolvi descer. Chamei o elevador mas ele não veio, ele não queria que eu fosse embora. Eu era a primeira visitante da cobertura MARAVILHOSA, e pro elevador eu seria a única. Eu sabia disso, eu tinha consciência de que eu deixaria para trás o paraíso, praticamente. E pior, eu deixaria o paraíso triste. O paraíso me queria sempre ali e eu também queria sempre ficar ali, mas eu PRECISAVA de companhia. Meus diálogos sempre com a mesma "pessoa", sempre com aquela cobertura, começaram a ser entediantes, não tinha mais graça.
O elevador não subiu, escada não tinha. Tinha um jeito, só: pular.
Me atirar lá de cima.
Não era o que eu queria, mas o elevador não vinha e eu não tinha outra saída: ou eu pulava fora, ou eu estaria presa lá em cima pra sempre.
Pulei (à essa altura da história vocês já tinham até esquecido que eu sempre fui muito impulsiva, né? enfim...).
Na queda eu olhava pra dentro das janelas dos apartamentos do prédio e via todos os moradores com caras de espanto pesando o que eu estava fazendo jogando tudo aquilo fora. Uns gritavam: FICA!
Outro permaneciam quietos (o silêncio pra mim sempre foi pior).
Lá embaixo meus amigos me esperavam, eles eram melhores do que eu pensei. Mesmo eu tendo ficado tanto tempo longe, lá em cima, eles ainda estavam ali, do mesmo jeito, me esperando, perfeitos como costumavam ser.
Fiquei muitos dias bem longe do prédio, conversando com todo mundo que eu podia, botando todo o assunto em dia, e não era pouco.
Na minha cabeça eu podia voltar ali no edifício sempre que eu quisesse pra matar um pouco as saudades, sabe? Normal... como amigos... eu não precisava pertencer ao elevador, nem ao edifício e nem a cobertura pra manter contato com eles, né?
Qualquer pessoas em sã consciência pensariam assim, menos o edifício. Quando eu voltei para visitar meu antigo lar, as portas estavam lacradas pra mim, fechadas.
Acho que o prédio pensava que eu ia implorar pra ele abrir, que eu ia bater e bater e bater na porta sem desistir, mas a minha nova-velha vida tava tão boa que eu nem liguei.
Aquele amigo que andou de elevador comigo há um tempo não quer mais saber de mim, acho que ficou meio traumatizado com a descida brusca.
Mas tem outro amigo... Um que já era antigo, desde antes do elevador.
Esse amigo me mostrou que eu não preciso passar por toda aquela subida estranha, nem viver num ligar apertado só pra ter uma vista linda... Eu posso ver, sentir e ter coisas maravilhosas aqui no chão mesmo, perto do resto das pessoas e nem por isso vai ser menos do que a cobertura.
Hoje estou muito feliz... Tenho todos os amigos de antes e um deles agora é mais do que isso, mas vamos deixar essa parte da história pra uma outra postagem.
Um beijo.

O pior de todos

Sempre fui muito sentimental, muito sensível... Sensível até demais algumas vezes.
Várias coisas me machucam: brigas, desentendimentos, meu desempenho no colégio, alguns descontentamentos... mas o pior de tudo pra mim é uma coisinha que começa bem pequenininha, lá dentro, bem lá no fundo. Ela se alimenta dos nossos melhores sentimentos, se alimenta de tempo, se alimenta de recordações e cresce extremamente rápido. O nome? Saudade.
Saudade de quando eu era pequenininha e dependia da boa vontade dos meu pais para tudo.
Saudade de quando entrei no colégio pela primeira vez e logo fiz meus primeiros amiguinhos.
Saudade de quando meus primeiros amiguinhos, por mais novos que fossem, tinham um sentimento puro e sincero por mim.
Saudade de me sentar na salinha para ouvir sempre as mesmas historinhas do meu avô.
Saudade de morar com a minha mãe e de implicar com a minha irmã de 5 em 5 minutos.
Saudade do ano da minha formatura, das antigas amizades, do amor antigo.
Saudade de quem passou pro outro lado e saudade de quando eu tinha tudo e achava que não tinha nada.
Saudade é pior que raiva, é pior que ódio e, confesso, saudade pra mim é ainda pior que indiferença.
Prefiro não estar nem aí, que não estejam nem aí pra mim à sentir falta de alguém e não estar presente onde alguém me quer.
Raiva com uma conversa, passa. Ódio com mais algumas conversas e um pouco de tempo também passa. Indiferença nem tem que passar, indiferença é nada. Agora, saudade? Essa só passa quando se tem o que queremos bem perto de nós. Se fosse simples assim a saudade seria o sentimento mais passageiro dessa dimensão! Quando sentíssemos saudade, pegaríamos o desejado e ela passaria.
Aí que mora o problema: nem sempre podemos ter as coisas de volta. E aí? E aí nada... Morremos de saudade.

domingo, 25 de julho de 2010

Críticas

Uma coisa tem me chamado a atenção há alguns dias: a capacidade e o prazer das pessoas em criticar as outras. Chamar alguém de feio, gordo, insuportável, burro não deixará ninguém mais bonito, mais magro, mais suportável ou mais inteligente... Do meu ponto de vista ainda vamos mais fundo! Chamar alguém de algo, no mínimo, pejorativo, é um sinal da estupidez, do baixo nível que conseguimos alcançar.
Seres humanos são sinônimos de seres imperfeitos, não estou defendendo minha "bondade" e não serei tão hipócrita ao ponto de postar que nunca abri minha boca para xingar alguém, já o fiz, sim. Já julguei mal, já falei sem conhecer, já fui injusta com algumas pessoas em alguns julgamentos.
Também não pretendo alcançar um nível superior, por isso, posso quase que afirmar que ainda vou cometer erros do mesmo tipo.
Agora, com toda a sinceridade do mundo? Nunca me senti melhor colocando alguém "para baixo", nunca me senti bem depois disso. Pode até ser que na hora eu tenha me sentido mais leve, descontando toda a minha raiva na imagem de alguém, mas são sensações (já que não se pode chamar de sentimentos) momentâneas, logo passa.
Sou criticada quase que diariamente pois resolvi me expor usando um site popular que permite que pessoas anônimas me mandem qualquer coisa que quiserem e isso me fez pensar mais ainda sobre o tema. Qual o sentido disso tudo? Será que as pessoas realmente gostam disso? De falar dos outros sem conhecer ou conhecendo muito pouco? Posso apostar que sim, agora, não me perguntem por quê.