One day we'll be together (we'll never be apart)

sábado, 12 de março de 2011

Viva mais

"A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos." Erasmo de Rotterdam.

O mundo visto de fora nunca foi certo. Gente com muito, gente com muito pouco. Árvores caindo enquanto prédios vão subindo. Pessoas se afastando e o caos se aproximando. O mundo é louco e o pior erro que podemos cometer é tentar não ser insano em um lugar virado do avesso.

De repente tudo muda, tudo acaba. A única certeza de quem é vivo é a morte e nós passamos a morrer no momento em que nascemos. Deixamos muito tempo passar tentando parecer correto em um mundo imperfeito.

Temos medo. Medo de arriscar, medo de amar, medo de perdoar, medo de tentar, medo de provar, medo de ser, medo de assumir, medo de sair, medo de voltar, medo de perder, medo de comprar, medo de ganhar, medo de enjoar, medo de chorar, medo de não ter, medo de ter demais, medo de não suportar, medo de gastar, medo de sorrir, medo de viver.

Não nos entregamos à paixão por achar que vamos chorar no final. Sim, amar é assumir e assinar um contrato de alegrias e tristezas. Mesmo que as tristezas sejam poucas, elas serão, assim como em qualquer de situação. Temos a péssima mania de achar que choro é ruim, que lágrimas não fazem bem e que derramá-las é sinal de que nunca devíamos ter dado o primeiro passo. É mais do que óbvio que choramos porque nos importamos e se esse choro é de tristeza é sinal de que alguma coisa terminou, não deu certo ou está desmoronando. Se choramos é porque sentimos por isso e se sentimos por isso é porque foi bom enquanto tudo deu certo. Se temos tempo para parar, pensar em tudo e chorar é porque isso vale o esforço e se vale o esforço, vale a pena. Amar é isso, é começar, é ter, é perdoar, é viver, é sorrir e gostar e é terminar. Tudo que começa acaba. E é assim até com a coisa mais importante que temos, nossa vida. Se até a vida começa e termina, o que ou quem somos nós para perder tempo nos lamentado por chorar porque acabou?
Se o Ser mais sábio em que acreditamos determinou que a vida começaria e terminaria, quem somos nós para desperdiçar o tempo que Ele nos deu por medo de chorar depois.
Se formos pensar, Deus decidiu que não choraríamos ao morrer. Fecharíamos os nossos olhos e viajaríamos de encontro ao mais lindo lugar, viajaríamos ao encontro de quem amamos, chegaríamos aos braços de quem tão calorosamente nos aguarda e sem chorar. Aos olhos Dele, ao perder o que temos de mais importante, chorar seria inadequado. Se foi tudo tão bom, pra que chorar? Vamos agradecer pela oportunidade que tivemos e partir, de olhos fechamos, para a felicidade eterna.
Não precisamos nos lamentar por cada página virada, por cada degrau conquistado ao olhar para baixo. Devemos e precisamos agradecer por tudo ter acontecido conosco, por termos tido a maravilhosa oportunidade de viver, de arriscar e de sorrir. Devemos nos alegrar ao pensar nos momentos bons e devemos, sim, sentir falta. Sentir falta é querer que algumas coisas voltem mas chorar por isso é sinal de arrependimento e arrependimento é o pior sentimento de todos. Arrepender-se é sinal de imaturidade e é sinal de que não fizemos algo por medo.
Nos arrependemos quando terminamos um relacionamento por medo de enfrentar uma turbulência, quando não aceitamos uma proposta por estarmos presos no comodismo, no confortável. Nos arrependemos quando não aproveitamos, quando não fizemos, quando não aconteceu.
Se aconteceu, se existiu, se foi bom e acabou não vamos olhar pra trás e sentir que deveria ter sido de outra forma, vamos olhar pra trás e pensar que tudo valeu a pena e que agora é o início de mais um capítulo. Todo o resto do livro está ali, quando quisermos voltar algumas páginas e relê-las, fassamos isso. Mas não chorando, sorrindo.

O medo de arriscar é o que nos prende ao morto. É o que os faz querer manter algo que já era pra ter tido fim. É o que nos faz reviver sempre um passado que deveria estar só na memória. Ter medo de arriscar é viver preso ao pretérito e não conseguir viver o futuro.

Vivemos presos a estes medos, ao medo de ser louco. Ao invés de pular corda com trinta anos, de cair na frente de todos e rir da própria cara, de amar e desamar, nos prendemos a temores e não o fazemos. Isso é errado. Por que não fechar os olhos e seguir para a felicidade? Tão mais simples, tão mais fácil e tão menos dolorido.

Para um ciclo começar é preciso que outro termine e isso é viver. É um começar de ciclos, é uma virada de páginas, é um recomeçar a cada dia.

Quando tudo acabar, fecharemos os olhos e será só. Então abramos os olhos e vivamos, arrisquemos, amemos e não tenhamos medo, porque depois... É só.

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